TEMA 2 - Habitats Digitais:
Referenciais enquadradores da Dimensão Pedagógica
Objetivo
Visualize este breve vídeo [01:19] e encare-o como inspiração para refletir sobre a importância da Tecnologia na Educação.
Reflexão
O uso das tecnologias na Educação, apesar de ter sido impulsionado em virtude da pandemia Covid-19 pela necessidade da implementação do Ensino Remoto de Emergência, é um processo que teve o seu início na década de 80 com o projeto Minerva (1985 a 1994). As políticas governamentais têm vindo, de forma mais acentuada desde 2020, a investir na promoção do uso das tecnologias na Educação. Para compreender os desafios que se colocam ao uso das Tecnologias na Educação é necessário olhar para a Educação como uma parte integrante de um todo que é a Sociedade. Pretende-se que a escola não seja um meio reprodutor das desigualdades sociais. A Lei de Bases do Sistema Educativo (Lei 48/86) consagra, no seu artigo 2º, que todos os portugueses têm direito à educação e à cultura, nos termos da Constituição da República, e que é da especial responsabilidade do Estado promover a democratização do ensino, garantindo o direito a uma justa e efetiva igualdade de oportunidades no acesso e sucesso escolares. Tendo por base estes princípios, os desafios que se colocam ao uso das Tecnologias podem agrupar-se em três vetores distintos, numa análise mais globalizante: Desigualdade no Acesso e Inclusão Digital - persistem desigualdades no acesso à internet e equipamentos, quer por questões económico-sociais, quer por questões de cobertura. De modo a melhorar o acesso às tecnologias deveria ser criado um programa de acesso à tecnologia semelhante, em termos programáticos, ao aplicado aos manuais escolares, provendo também os apoios e adaptações necessárias à Educação Especial, equilibrando possíveis desigualdades sócio-económicas. No que concerne à mitigação do acesso à internet e equipamentos, poderia estabelecer-se parcerias com operadoras de telecomunicações, organizações da área tecnológica ou outros mecenas, alargando o investimento na infraestrutura tecnológica. Tão importante quanto a disponibilização de equipamentos e uma cobertura de rede eficaz, é o suporte técnico nas instituições de educação para que sejam solucionados atempadamente os problemas que surgem com os equipamentos e a rede. Competências Digitais - os constrangimentos existentes a nível das competências digitais na comunidade escolar (Professores, Alunos, Pais/Encarregados de Educação, Assistentes Técnicos e Operacionais e restante comunidade educativa).
Estas questões podem ser mitigadas proporcionando formação contínua, e à medida, nesta área, criando programas de literacia digital dirigida a toda a comunidade e promovendo a integração curricular e pedagógica da tecnologia. Como nem todos os alunos têm o mesmo nível de motivação para o uso das tecnologias ou facilidade de adaptação ao ensino digital - o que pode ter um impacto negativo ao nível do comprometimento com a escola e a aprendizagem - é fundamental a implementação de metodologias ativas e interativas em contexto formativo. O processo deve ser alvo de uma avaliação regular da experiência de aprendizagem dos alunos, ajustando, subsequentemente, as práticas de ensino digital às suas necessidades e preferências. Ambientar e motivar os alunos com metodologias inovadoras de ensino como por exemplo "plataformas online e recursos digitais, (...) vídeos educativos, aplicativos interativos e bibliotecas virtuais" (Santana et al, 2024, p.50) e a "gamificação ou a aplicação de elementos de jogos no ambiente educacional" (Neto et al., 2013, citado por Santana et al, 2024, p. 49) poderão ser um contributo para a chave do problema, desde que inserido numa estratégia de co-construção e corresponsabilização do aluno com a sua própria aprendizagem. Segurança e Privacidade no Ambiente Digital - o uso crescente de plataformas digitais levanta preocupações no que toca à privacidade dos dados e dos acessos dos diferentes utilizadores, que baseiam cada vez mais as suas práticas quotidianas em diversos ambientes online. O estabelecimento de políticas e regulamentos de proteção de dados específicos para a educação, bem como a promoção da literacia digital dos utilizadores, deverão ser alvo de especial atenção, garantindo medidas de autoproteção. Atualmente, o Plano de Ação para a Transição Digital, pensado de forma abrangente, intervém em diferentes áreas de ação, a saber: capacitação digital dos docentes, desenvolvimento digital das escolas e disponibilização de recursos digitais. O digital na educação está a fazer o seu percurso repleto de constrangimentos e também de oportunidades, desafiando as práticas tradicionais e abrindo espaço a novas formas de aprendizagem, colaboração e inclusão, promovendo um ensino que deve ser mais personalizado e acessível, garantindo competências digitais, segurança e equidade para todos os envolvidos. Em suma, o caminho faz-se caminhando.
Referências Bibliográficas:
Conselho Nacional de Educação. (s.d.). Conselho Nacional de Educação. https://www.cnedu.pt/pt/events/seminars-and-conferences/1106-seminario-aprendizage m-tic-e-redes-digitais
Educação Reinventada: O Potencial Das Práticas Inovadoras Na Aprendizagem Significativa. Journal of Business and Management. Volume 26(2). 47-53. https://www.researchgate.net/publication/378234265_Educacao_Reinventada_O_Poten cial_Das_Praticas_Inovadoras_Na_Aprendizagem_Significativa
Lei n.º 46/86 de 14 de outubro. Diário da República: I Série, 237,1986 , 3067-3081. https://dre.pt/application/file/222361
Santana, L.S., Theodorovski, R., Schmidt, F.L.A., Monteiro, E.L., Hansel, T. F., Joerke, G.A.O., Ferreira, S.B, Barreto, M. S., Oliveira, A.A., Sousa, E.P.R., (2024, fevereiro).