
Conceitos e Fundamentos
(16 a 22 de outubro)
A - Propostas de trabalho (TRABALHOS DESENVOLVIDOS):
- Refletir em torno do Tema 1 com particular atenção aos conceitos introdutórios que nele são tratados: Elearning, b-Learning e Ensino Remoto Emergencial / de Emergência, tendo como ponto de partida a imagem de um cartoon;
- Comentar Reflexões de colegas de grupo de formação;
- Criar uma entrada no glossário colaborativo: Conceitos Introdutórios.
B - Reflexão sobre a aprendizagem da semana (REFLEXÃO DA SEMANA)
Créditos da imagem de topo (fonte):
Imagem gerada em Leonardo.ai em 2024-11-09, através da prompt: habitat digital contemporâneo.
A - TRABALHOS DESENVOLVIDOS
1. Reflexão sobre uma imagem fornecida...

A onda de choque criada pelo COVID-19 foi transversal e ainda se sente a verberação das ondas de choque que produziu na sociedade. Desde as corporações e organizações que, tal como na imagem, trabalhavam com um horizonte de continuidade, também o ensino, pilar da construção societária contemporânea, foi abalado. Entrámos num período apelidado por Hodges et al. (2020), como Emergency Remote Training, criando-se, como salientado em Fernandes (2021) "uma experiência social forçada, (…) um modelo substitutivo de modelo presencial e suportado por meios digitais", tornou-se evidente a necessidade de recuperar alicerces (derrubados pela bola de demolição COVID-19). Apesar da educação aberta ser considerado um dos movimentos educativos mais importantes do séc. XXI (Peters, 2008), padece ainda de muitas falhas, quer sistémicas quer estruturais, criando um ambiente de visível entropia para todas a comunidade educativa. Ainda assim, segundo Aires L. (2016) a "integração de metodologias, tradicionalmente desenvolvidas no quadro da Educação a Distância Online, em contextos educativos presenciais, pode ser minimizada se (…) adotarem como referencial a já longa investigação desenvolvida no âmbito da Educação a Distância", possibilitando reduzir ou antecipar algumas destas faltas, e mantendo, como afirma Ali (2020) "sistemas educativos flexíveis e resilientes", contemporizando "fatores contextuais que serão fortes motores de mudança, tais como os objetivos da Agenda 2030 e Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)". Apesar de todos os embates, a mudança constante parece ser a única constância de futuro, pelo que devemos imprimir processos de resiliência e resistência à frustração nas sociedades vindouras, algo que apenas a "arma educativa" conseguirá atingir em cenários meso e macro de desenvolvimento sustentável, pois, conforme Mandela (2003) "a educação é a arma mais poderosa que se pode usar para mudar o mundo".
Bibliografia:
Ali, W. (2020). "Online and remote learning in higher education institutes: A necessity in light of COVID-19 Higher Education Studies. v10 n3. pp.
Hodges, C., Moore, S., Lockee, B., Trust, T., & Bond, A. (2020). "The Difference Between Emergency Remote Teaching and Online Learning." EDUCAUSE Review, March, 27. Retrieved from https://er.educause.edu/articles/2020).
Mandela, N. (2003). "Lighting your way to a better future". Address by Nelson Mandela at launch of Mindset Network, Johannesburg. Transcriptions 2003. https://archive.nelsonmandela.org/index.php/za-com-speeches
Peters, M. (2009). The History and Emergent Paradigm of Open Education. In M. Peter e R. Britez (Eds.), Open Education and Education for Openness (3-16). Rotterdam: Sense Publishers.
2. Comentário sobre reflexões dos colegas de formação...

Reflexão comentada (Cátia Aires - segunda-feira, 21 de outubro de 2024)
"A Telescola surgiu em Portugal em 1965, onde os alunos eram acompanhados por monitores em postos de receção, constituído na altura apenas pelo ensino primário, 55 anos depois, o COVID-19 "obrigou-nos" novamente a implementar nos sistemas educativos o mesmo modelo de ensino a distância para dar resposta ao choque global. Atualmente contamos com um mundo inteiramente dinamizado, visível às sucessivas mudanças, na visão de Paiva (2020, p.69), "a internet tornou-se uma necessidade pública", já a educação, é a estrutura crucial para o desenvolvimento de um país, a tecnologia quando bem empregue, é uma ferramenta expressiva aliada ao processo de ensino-aprendizagem, facilitadora do quotidiano, como chave de construção da sociedade, transpondo barreiras culturais e geográficas. Todavia, esta era das tecnologias e o seu contributo para a educação, dependem largamente da atitude e das escolhas, não basta integrá-las nos contextos de aprendizagem para assegurar a qualidade, há que ter em conta uma integração adequada e a sua utilização, se pretendemos efetivar e criar ambientes educativos mais ricos e promotores de uma aprendizagem construtiva."
Comentário:
Para além da opinião da colega, que partilho, creio que a capacidade do sistema educativo se estruturar e focar atenções na criação de jovens críticos e disponíveis para uma aprendizagem e curiosidade robustecidas ao longo da vida, será a pedra basilar para a transição de uma realidade instrucional (magister dixit), de repassagem de informação e compromisso com normas, para uma aprendizagem multidisciplinar, organizada pelos interesses, capacidades e potencialidades individuais de cada aluno/formando.
A aprendizagem construída que a Cátia refere requer jovens com iniciativa e agência, para liderar uma transição preocupada com o meio que os circunda e empática nas relações entre si.

Reflexão comentada (Zulmira Maria Cardoso Ferreira Fino - segunda-feira, 21 de outubro de 2024)
"A velocidade e a capacidade na mudança face aos constrangimentos causados pela pandemia Covid-19 evidenciaram uma vez mais as desigualdades pré-pandemia. Muitos estudos realizados por organizações e investigadores nacionais e internacionais ao longo de várias décadas dão conta da inequívoca existência de desigualdades no acesso à educação e no sucesso escolar, e dos fatores de natureza social, económica, cultural ou organizacional que lhes estão associados, de acordo com o estudo Efeitos da pandemia COVID-19 na educação: Desigualdades e medidas de equidade (CNE, 2021, p.47), que cita o estudo Educação em Tempo de Pandemia (CNE, 2021a), que analisa os resultados de um inquérito aplicado pelo CNE, em julho de 2020, aos diretores e professores com funções de coordenação, 80% consideraram que as escolas foram afetadas ou muito afetadas pela insuficiência de recursos dos seus alunos e famílias (cf. subcapítulo 3.1). Nesse mesmo estudo é referido por cerca de 20% dos diretores que mais de 30% dos seus alunos não tinham acesso a dispositivos digitais."
Comentário:
As desigualdades e incapacidades da escola enquanto "Elevador Social" foram desnudadas pelo ritmo e força do impacto da pandemia no quotidiano de alunos e famílias. Desde a estrutura de topo até aos discentes, o edifício educativo foi abalado por este flagelo social, com impactos na saude física e mental da população mundial. O apego a mediação relacional por meios digitais foi potenciado neste período, expondo a necessidade de uma educação para as tecnologias e uma compreensão do funcionamento computacional do mundo que nos rodeia – nomeadamente, e por exemplo, das redes sociais.
Para além do acesso, que concordo ser agora maior que o estudo que a Zulmira cita, os chamados "nativos digitais" carecem, mais do que nunca, de compreensão sobre o funcionamento dos algoritmos e formação em prompting para não perderem a capacidade de, pelo menos, saber como "chamar" o elevador que referi acima… :-)
3. Glossário Colaborativo (entrada: "O")
ODS – Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
por Miguel Garcia Domingos - terça-feira, 22 de outubro de 2024
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
Decorrente da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, que foi adotada em 2015 por todos os 193 Estados-Membros das Nações Unidas, foram definidas prioridades do desenvolvimento sustentável do planeta a atingir até 2030.
Os 17 Objetivos congregam os esforços comuns e representam um apelo último de mobilização dos povos para implementar uma agenda em todos países, independentemente do seu grau de desenvolvimento, procurando estabelecer objetivos e metas comuns, focadas em áreas críticas para a humanidade e em torno de 5 Princípios: Planeta, Pessoas, Prosperidade, Paz e Parcerias.

Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) assentam nos pilares da figura anterior, em conjunto com o esforço global de preservação dos ecossistemas e consequente combate às alterações climáticas.
Por se assumirem como ums oportunidade única e necessária ao crescimento sustentável da humanidade, servirão de base para crescimento económico, inovação e desenvolvimento regenerativo e inclusivo.
Partilham assim premissas com os objetivos educativos e devem suportar práticas atuais para sucessos futuros com os nossos discentes – daí talvez que a intersecção dos ODS com o Perfil do Aluno à Saída da Escolaridade Obrigatória seja uma etapa que não podemos obviar.

Fonte:
United Nations. Sustainable Development Goals. Consultado em Outubro de 2024 em: https://sdgs.un.org/goals
Palavras-chave:
- Desenvolvimento
- Sustentável
- Ecossistema
- Humanidade
Recursos Pedagógicos do Tema 1 (Bibliografia):
Aires, L. (2016). e-Learning, Educação Online e Educação Aberta: Contributos para uma reflexão teórica. RIED. Revista Iberoamericana de Educación a Distancia, 19 (1), 253-269. doi: https://dx.doi.org/10.5944/ried.19.1.14356
Fernandes, J. (2021). Do ensino a distância ao ensino remoto de emergência: Desafios da terminologia pós-covid19, Polissema21 - Revista de Letras do Iscap. Iscap, Porto, pp. 219-233.
Pereira, A. et al (2020). Avaliação digital no Ensino Básico e Secundário. Aula Aberta. Universidade Aberta, https://aulaberta.uab.pt. (CCBY-NC-SA 4.0)
B - REFLEXÃO DA SEMANA
Nesta primeira semana de trabalho, a imersão na revisão da literatura permitiu um momento importante de reconstrução de preconceitos e de amadurecimento da compreensão sobre práticas pedagógicas digitais. A partir da comparação entre o ensino emergencial — adotado apressadamente e de forma irrefletida, durante a pandemia — e o ensino à distância tradicional, pudemos refletir criticamente sobre como as nossas práticas pedagógicas foram moldadas, muitas vezes de maneira reativa, pela necessidade de adaptação emergencial, o que gerou desafios significativos e insucessos com impacto futuro nas aprendizagens "perdidas".
Essa comparação entre o que realmente ocorreu e o que idealmente poderia ter ocorrido conduziu-nos a uma aprendizagem profunda: o entendimento de que o ensino emergencial, diferentemente de um ensino à distância bem estruturado, evidenciou lacunas de planeamento, tempo, conhecimentos técnicos e pedagógicos, e até mesmo em conceitos fundamentais. A falta de preparação para a transição repentina ao ensino digital revelou-se não apenas uma questão de carência de recursos tecnológicos, mas também uma questão de fragilidade nas práticas pedagógicas que apoiam uma educação mediada por tecnologia.
Aprender com os erros, nesse contexto, mostrou-se essencial (se bem que ainda não totalmente apreendido por decisores e gestores que tardam em relevar o papel destas dinâmicas nos modelos de ensino preconizados).
O processo de adaptação e correção que muitos educadores vivenciaram tornou-se uma oportunidade para expandir o entendimento sobre as necessidades específicas do ensino digital e para refletir sobre a importância de um planejamento que vá além das questões técnicas, incorporando estratégias pedagógicas que considerem o papel do digital na promoção de uma aprendizagem eficaz e inclusiva.
Assim, esta semana serviu-nos de base para revisitar criticamente os preconceitos e a necessária preparação que um modelo de ensino mediado pela tecnologia nos obrigará futuramente a uma maior coerência e planeamento, fortalecendo o papel do educador nesse novo ambiente.
Miguel Garcia Domingos - reflexão realizada a 29 de outubro.
Atualização publicada a 11 de novembro